INDICAÇÃO DA SEMANA // FILME
Antes do trisal ser trisal, Dona Flor já dava o que falar pelas ruas de Salvador.
Para quem não conhece a história, Florípides (Sônia Braga) é casada com o boêmio/mulherengo Vadinho (José Wilker), que explora os dotes culinários da esposa e gasta o dinheiro em jogos e birita. Quando ele bate as botas em pleno carnaval de rua, ela não demora muito para se casar novamente, agora com Teodoro (Mauro Mendonça), um farmacêutico bem-sucedido que lhe oferece segurança e estabilidade, ainda que a vida debaixo dos lençóis não seja tão gostosa quanto era com o malandro falecido. É então que Dona Flor clama pela volta do defunto, que reaparece em forma de espírito para acalmar os fogos da ex-mulher.
Adaptado da obra de Jorge Amado pelos roteiristas Eduardo Coutinho (sim, ele mesmo) e Leopoldo Serran, o filme se tornou um dos maiores sucessos de bilheteria do nosso cinema, levando mais de 10 milhões de brasileiros e brasileiras às salas de cinema.
“O moço diretor, com seu talento e sensibilidade, captou o que havia de mais importante na história de dona Flor. Acho o filme belo e denso, creio que está à altura das melhores criações do cinema nacional. Vitória do amor contra o preconceito, vitória da vida contra a morte.” (citação de Jorge Amado – acervo do jornal O Globo)
Dona Flor e seus dois maridos (Bruno Barreto, 1976) está disponível no GloboPlay, NetMovies e Looke.
Making of das filmagens
Canção tema legendada em espanhol
Playlist Spotify
E para vocês se inspirarem a ler um livro do Jorge Amado, tirar o dendê do fundo do armário, assistir alguma de suas inúmeras adaptações para o cinema, ou simplesmente dar um cheiro rebolativo em quem se ama, dá uma escutada nessa delícia de playlist. É tão boa que quase tem cheiro.
Aproveitando que sábado, dia 13/02, a Semana de Arte de 1922 faz 99 anos, indicamos um livro encantador sobre Mário de Andrade.
Você sabia que o escritor não gostava de viajar, mas foi até a Amazônia? Que ele comprou uma bengala para afugentar jacarés? Que foi de lá que ele tirou várias ideias para o seu livro Macunaíma? Conheça essas e outras curiosidades sobre um dos principais nomes da Semana de Arte Moderna e da cultura brasileira no livro Muito Prazer, Sou Mário de Andrade!.
No livro o leitor é convidado para uma viagem até a agitada São Paulo de 1920 e acompanha o escritor em sua participação na Semana de Arte Moderna, em seus animados encontros com os amigos, seus passeios pela cidade, suas viagens e descobertas modernistas. De forma ficcional, mas baseada em uma extensa pesquisa, a autora Karina de Almeida apresenta a vida e a obra de um dos escritores mais importantes da literatura brasileira para crianças de 10 a 80 anos. Veja mais detalhes no perfil oficial.
“Quando meu povo entender o que é união, eles não passarão!”
“Uma câmera na mão e uma idéia na cabeça”
Esse era o mote por trás de um dos principais movimentos cinematográficos da América Latina, o Cinema Novo, que teve início com o lançamento do filme ‘Rio, 40 graus’, de Nelson Pereira dos Santos. O filme acompanha em tom quase documental diversos personagens de diferentes classes sociais, traçando um panorama do Rio de Janeiro pouco visto no cinema até então, quando a cidade ainda era a capital do Brasil.
O Cinema Novo é divido em 3 fases, que compreendem períodos distintos da nossa sociedade, trazendo características únicas e específicas para cada uma delas. O movimento surgiu como uma forma de “despertar” o cinema nacional para as realidades do país e apresentá-lo de forma mais realista possível, auxiliado pelas ferramentas oferecidas por outros dois importantes movimentos do cinema mundial: o neo-realismo italiano e a nouvelle vague francesa. Dessa forma fugindo da influência quase soberana do cinema ficcional norte-americano.
(1960 – 1964) Nessa primeira fase, as produções focavam nas realidades de trabalhadores rurais e nordestinos, tocando na problemática do subdesenvolvimento nacional.
‘Os Cafajestes’, ‘Vidas Secas’ e ‘Deus e o Diabo na Terra do Sol’ são as obras mais emblemáticas desse período.
(1964 – 1968) Com o golpe de 1964 e a instalação da ditadura militar no Brasil, o movimento aponta suas lentes para a cidade grande e abraça um discurso político bastante engajado, que vai perdendo a força à medida em que a máquina da censura e da repressão fica mais e mais eficiente.
O filme mais importante e icônico dessa fase é ‘Terra em Transe’.
(1968 -1972) A partir de 1968 o movimento se afasta da estética realista e ganha cores e humores próprios. ‘Macunaíma’, baseado na obra homônima de Mário de Andrade, é o maior representante dessa fase do Cinema Novo, que abraçou o Tropicalismo e um humor mais popular para conversar com o público. Não a toa, o filme foi o maior sucesso de público de todo o movimento.
‘Rio, 40 Graus‘ e ‘Vidas Secas’ estão disponíveis no GloboPlay; ‘Deus e o Diabo na Terra do Sol‘ e ‘Terra em Transe‘ estão disponíveis no GloboPlay e no Telecine Play.
‘Macunaíma‘ e ‘Os Cafajestes‘ atualmente não estão disponíveis em nenhuma plataforma.
// Enock Carvalho e Matheus Farias
Sempre trabalhando com elementos fantásticos e utilizando ferramentas do cinema de gênero, ao mesmo tempo em que subvertem algumas delas, os pernambucanos Enock Carvalho e Matheus Farias dirigiram juntos três curtas-metragens e se preparam para saltos ainda maiores.
O último curta deles, Inabitável (2020), ganhou diversos prêmios no decorrer do ano passado e foi o único representante brasileiro na competição de Sundance, agora em janeiro. A gente trocou uma palavrinha rápida com eles sobre Caranguejo Rei (2019), a recepção calorosa de Inabitável e também sobre o futuro.
Q&A
De onde veio a inspiração para Caranguejo Rei?
Caranguejo Rei carrega muitas referências da nossa cinefilia moldada ao longo da nossa juventude. É um filme de gênero muito físico, muito baseado na culpa que o protagonista carrega por seus atos ruins. É um filme de vingança. Foi bem divertido e prazeroso de fazer esse filme.
Dos inúmeros prêmios que Inabitável ganhou, qual deixou vocês mais sem palavras?
O prêmio de Melhor Filme do Júri da Crítica em Gramado e o prêmio de Melhor Roteiro. O melhor é que nossa reação está gravada e foi transmitida ao vivo.
Vocês tem planos para um longa? O que vem em seguida?
Sim, vem um longa aí. Estamos desenvolvendo nosso primeiro longa. No momento captando e aguardando a situação melhorar para tentar rodar o filme quando for possível.
No Brasil, a transfobia acontece de forma desenfreada. Em MEU CORPO É POLÍTICO, documentário de Alice Riff estrelando @linndaquebrada, acompanhe Paula, Beatriz, Giu e Fernando pelos subúrbios de São Paulo, lutando pela própria sobrevivência. Hoje #naMUBI pic.twitter.com/TSpn66BSih
— MUBI Brasil (@mubibrasil) December 7, 2020
“Minha obra toda badala assim: brasileiros, chegou a hora de realizar o Brasil.”