Nota da Direção

O SILÊNCIO DAS OSTRAS é um filme bastante silencioso, que narra a vida de uma menina que nasceu em uma vila pertencente a um campo de mineração e cresceu marcada por um cenário árido, pela devastação ambiental de uma atividade predatória e a degradação familiar, tendo que aprender a lidar com as muitas perdas que a vida lhe reservou. A história registra 3 tempos da vida da protagonista (anos 80, anos 90 e tempo atual) e é permeada pelo instinto de sobrevivência, mas também pela sensibilidade e imaginação da personagem, que tem uma introspecção avassaladora e uma forma singular de se relacionar com a natureza e os insetos que encontra pelo lugar. Por entre montanhas e futuras “ex-montanhas” de Minas Gerais, acompanhamos Kaylane e suas andanças pelas paisagens que a habitam e, também, a consomem. A atividade mineradora resultou em inúmeros lugarejos e cidades-fantasmas em Minas Gerais. De certa maneira, O SILÊNCIO DAS OSTRAS busca reabitar, reocupar e repovoar estes lugares, como se a narrativa do filme aspirasse conferir uma possibilidade de permanência para cenários que foram extraídos à exaustão. A mineração roubou-lhes não somente o solo, mas também a crença e a alma.